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Hoje li... Fernando Pessoa

Hoje li uma poesia do ortônimo de Fernando Pessoa- que é quando Fernando Pessoa assina por ele mesmo e não seus outros três heterônimos- e achei tãooo linda que já reli diversas vezes no dia de hoje, e compartilho aqui, com grifos meus, porque essas partes são as que mais estão me fazendo refletir.  “Eros e Psique” Conta a lenda que dormia Uma Princesa encantada A quem só despertaria Um Infante, que viria Do além do muro da estrada. Ele tinha que, tentado, Vencer o mal e o bem, Antes que, já libertado, Deixasse o caminho errado Por o que à Princesa vem. A Princesa adormecida, Se espera, dormindo espera. Sonha em morte a sua vida, E orna-lhe a fronte esquecida, Verde, uma grinalda de hera. Longe o Infante, esforçado, Sem saber que intuito tem, Rompe o caminho fadado. Ele dela é ignorado. Ela para ele é ninguém. Mas cada um cumpre o Destino – Ela dormindo encantada, Ele buscando-a sem tino Pelo processo divino Que faz existir a estrada. E, se bem que seja obs

Aquele em que brigo com um amigo...

  Semana passada eu briguei com um amigo, nunca havia passado pela minha cabeça uma briga como aquela, bom… minto, eu já tinha repassado e imaginado essa briga na minha cabeça muitas vezes, eu já havia acompanhado ela repetidas vezes pela internet. Mas o que aconteceu de diferente nessa briga que me fez sentar aqui e dissertar sobre ela? É que dessa vez ela foi bem real, eu a senti e repassei ela na minha cabeça por diversos ângulos durante esses últimos dias, desta vez éramos eu e meu amigo, não personagens distantes da internet. É meus caros, chegou a minha vez de vociferar pessoalmente sobre política.   Já que essa briga me fez mal, me obrigo a me sentar com o que sobrou dela e refletir. Por que brigamos? Por que não conseguimos conversar sobre política? Juro que me sinto tentada a pensar: “Poxa, todo mundo briga por política. Tudo bem, bola pra frente. Nem quero esse tipo de pessoa na minha bolha, no meu mundinho”. Pronto, assim eu me sentiria bem e poderia fazer outra coisa d

Sinto o cheiro do fascismo perto de mim.

    Eu tenho família, amigos, alunos, pessoas que admiro muito. Tem mulher, tem homem, hétero, homossexual e bi. Gente com problema com drogas lícitas e ilícitas, gente que vende e gente que compra. Mãe solteira, mãe na adolescência, gente que trabalha muito e outros que preferem trabalhar de vez em quando. Uma diversidade de pessoas e escolhas de vida.     Muitos deles compraram seu carro com a redução de impostos e estímulo de consumo na época do PT. F izeram faculdade ou tiveram o orgulho de ver um filho na universidade pública, realizaram o sonho da casa própria pelo minha casa minha vida. A maioria deles não vê isso como interferência do Estado em suas vidas e dão o nome de meritocracia.    Quando vejo alguém do meu círculo de amizades ou família declarando voto no Bolsonaro, isso me mata um pouquinho e me afeta muito. Toda vez que escuto alguém que eu gosto declarando voto no Bolsonaro eu me pergunto "por que você vai votar em alguém que declara tanto ódio por aquel

Território Invadido

Quando ando sozinha… Olhares me acompanham, Cantadas chegam até os meus ouvidos Meu desejo é para que eles não se aproximem Quando ando sozinha... Começo a pensar o que é a rua. Espaço público? Espaço meu? Espaço meu? Sozinha a noite? Quando ando sozinha… Meu corpo é território do medo Quando ando pelos espaços públicos Me sinto propriedade privada dos olhares inoportunos E esse corpo, anda rápido, Passo apertado, olhar angustiado, Território que não quer ser invadido.   - Gabriela Ribeiro

Uma pergunta e muitas respostas sobre Eloá.

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     “- Quem matou Eloá?”      “- Foi o namorado dela, Lindemberg Alves.”   O “caso Eloá” aconteceu em meados de 2008, e quase dez anos se passaram pra gente perceber que a resposta de “Quem matou Eloá?”, não pode ser dada de forma simplista, rápida e ríspida.   Esse texto, é fruto de muita reflexão, advinda do sofrimento e da indignação ao rever as cenas desse crime ao assistir ao documentário lançado no ano de 2015, da diretora Lívia Perez , que leva no nome essa mesma pergunta: Quem matou Eloá?. Eloá e Lindemberg, personagens de uma história REAL. Uma tragédia que encontrou na sociedade brasileira do século XXI, expectadores emocionados, ávidos pra assistir o desfecho de uma história, que mesmo sem saber, acontece bem ao lado deles. Uma história que se repete, que mata e machuca, uma história que por muito tempo a sociedade chamou de “crime passional”.   - Que tipo de sociedade cria argumentos para nos fazer acreditar que a motivação de um crime é o amor

Vamos falar sobre Empoderamento?

A palavra “empoderamento” tem origem na Reforma Protestante, iniciada durante o século XVI, na Europa. Naquela época, os indivíduos e a sociedade se empoderaram em relação à religiosidade cristã, um dos fatores dessa emancipação foi a tradução da bíblia para o alemão, feita por Martinho Lutero, facilitando assim o acesso às escrituras lidas durante muito tempo em latim. Mas é só a partir do século XX, que o termo empoderamento começa a ser usado pelos movimentos das mulheres, dos homossexuais e dos negros. O empoderamento pode ocorrer em dois níveis: o empoderamento individual e o empoderamento coletivo, e o empoderamento como um instrumento coletivo, como os movimentos sociais difundem no Brasil, está muito ligada aos trabalhos de Paulo Freire, com o empoderamento ligado a classe social e como uma ferramenta para a transformação social. Empoderar-se é mais do que tomar o poder. Empoderar-se significa um processo resultante da conscientização, e a conscientização depende de uma p